Agência Brasil: É realmente notável como sua jornada, começando pela alfabetização tardia, o levou a se tornar um educador e um autor prolífico. Você poderia compartilhar como a educação formal e a leitura influenciaram sua trajetória pessoal? Além disso, como você percebe a importância da educação para o bem-estar futuro das comunidades indígenas?
Eliane Potiguara: Eu me tornei alfabetizada um pouco tarde, entre 7 e 8 anos, para ajudar minha avó a escrever cartas, principalmente para a Paraíba, de onde nossa família teve que fugir devido a ameaças de morte. Eu nasci no Rio de Janeiro e cresci no Morro da Providência, trancada em uma espécie de gueto, protegida da violência ao redor. Minha avó nem queria que eu olhasse para as pessoas, ela tentava limitar nossos contatos. Naqueles primeiros anos, eu tinha uma espécie de ponto cego psicológico que me mantinha alienada da realidade. Por meio da escrita,